Quais destas frases habitam mais frequentemente o seu pensamento?
- “Não consigo!” vs. “Não consigo… AINDA”
- “Errei!” vs. “Estou a aprender!”
- “Desisto!” vs. “Vou experimentar de outra maneira!”
Parece um jogo de palavras, mas é bem mais do que isso! É uma mudança no diálogo interno.
A forma como falamos connosco próprios importa. Porque não é só uma questão de “forma”. Estas afirmações refletem o modo como pensamos sobre os desafios que encontramos, sobre as nossas capacidades e recursos para os ultrapassar, sobre a esperança que depositamos em nós mesmos.
O nosso diálogo interno é mesmo muito poderoso. Ora leia:
“Observe os seus pensamentos, eles tornam-se palavras;
observe as suas palavras, elas tornam-se ações;
observe as suas ações, elas tornam-se hábitos;
observe os seus hábitos, eles tornam-se caráter;
observe seu caráter, pois ele torna-se o seu destino.”
Frank Outlaw
Se decidirmos que não somos bons em alguma coisa, teremos razão! Por isso, vamos desafiar a nossa forma de pensar, pois tudo parte dela.
Vamos saber um pouco mais?
A ciência mostra que por trás do foco, do esforço e da persistência, fundamentais para alcançarmos os nossos objetivos, há um fator crítico, do qual emergem os anteriores: um mindset de crescimento (ou Growth Mindset).
Carol Dweck*, psicóloga e investigadora nesta área, tem mostrado, através dos seus estudos, que o mindset (atitude mental) que adotamos perante a vida é determinante na forma como respondemos aos seus desafios, oportunidades e até simples tarefas do dia-a-dia.
Acreditar que as nossas capacidades e aprendizagens podem desenvolver-se e evoluir com o tempo, a prática e as estratégias certas, é crucial para o nosso sucesso.
Carol Dweck descobriu que, de uma forma genérica, podemos ter dois tipos de mindset: de crescimento ou fixo.
Quando temos um mindset fixo acreditamos que o nosso potencial é fixo à partida e que temos pouco espaço para desenvolver novas aptidões. Ao invés, pessoas que cultivam um mindset de crescimento, acreditam que o seu potencial só é revelado à medida que se propõem investir numa determinada aprendizagem.
Crianças e Mindset
Não há duas crianças iguais! Isto é válido também para a forma como cada criança encara a aprendizagem, os erros e os desafios.
Há crianças que sentem os erros como fracassos e sentem uma tal frustração quando se enganam, que lhes é muito difícil ter pensamentos alternativos nessas alturas. Muitas vezes, estas crianças são igualmente avessas a sair da sua zona de conforto, experimentando apenas atividades onde acreditam que serão bem sucedidas.
Outras, pelo contrário, gostam de desafios e, apesar de não gostarem de se enganar, encaram os erros como fazendo parte do processo de aprendizagem.
Um mindset de crescimento pode, e deve, ser cultivado desde cedo nas crianças e jovens. Nós, adultos, somos um modelo essencial nessa aprendizagem. A forma como lidamos com os novos desafios, os erros, os obstáculos e até o modo como elogiamos os outros deixa marcas no sistema de crenças.
Como cultivar um mindset de crescimento junto dos mais novos?
Ainda vamos a tempo de aprender e praticar um novo mindset que nos conduza ao sucesso e erga as nossas vidas ao seu potencial mais elevado. Para além do livro da autora, mencionado em rodapé, que merece a sua leitura atenta e curiosa, aprender a pensar corretamente – e ensinar os mais novos a fazê-lo – é uma das mais importantes ferramentas para criar gosto pela aprendizagem e resiliência, fundamentais para se alcançarem metas significativas.
Deixamos 7 sugestões para o fazer:
- Cultive em si mesmo/a um mindset de crescimento: experimente coisas novas e desafiantes, dê tempo ao tempo, permita-se falhar, use diferentes estratégias e persista. Os mais novos também aprendem através do nosso exemplo. Eles observam diariamente a forma como encaramos os desafios que nos surgem.
- Fale com as crianças sobre como funciona o cérebro: tal como as plantas e os animais, ele também cresce, à medida que treinamos!
- Comece por áreas em que a criança se sente mais à-vontade, e progressivamente, desafie-a a experimentar coisas novas.
- Cultive um ambiente onde o erro, mais do que ser aceite, faz parte da aprendizagem. No limite, pode propor atividades onde só se podem fazer coisas doidas, erradas, como por exemplo, “desenhos malucos”.
- Ajude as crianças a explorar outras formas de resolver os problemas e a usar diferentes estratégias. Proponha atividades criativas, onde possa coexistir mais do que uma resposta “certa” ou então, quando há “uma” resposta certa, explorar possíveis caminhos para se chegar a ela.
- Reforce a criança pela sua coragem (sempre que se desafia), pela sua perspetiva (sempre que usa uma estratégia diferente) e pela sua persistência (quando ela não desiste).
- Seja paciente com as crianças. O tempo é um aliado e há certos frutos que se colhem mais tarde.
Mãos à obra!
Esperamos que se sinta motivado/a para cultivar um mindset de crescimento em si e junto dos mais novos! Este é um dos investimentos mais preciosos que pode fazer para a sua vida e para a deles!
Se precisar de inspiração, procure a formação para profissionais de educação e os recursos muito acessíveis que criámos para ajudar pais e professores e desenvolver este tema com as crianças: Na Onda D’Aprendizagem, Audiobook O Pirata Osório: As Aventuras d’Aprendizagem e #AcreditaEmTi!
* Leitura recomendada: Dweck, C. (2014). Mindset: A Atitude Mental para o Sucesso. Vogais, agosto de 2020